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Dói

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  [texto de 2018] imagem retirada do Pinterest Oi, como vai? Bem, eu espero. Eu  não estou bem. Meu coração está queimando de medo mais uma vez. Queima de pânico e raiva e decepção comigo mesma. Sinto medo dos que me olham, dos que sabem quem eu sou, que sabem que sou universitária. Sinto medo do que pensam de mim. Com certeza não pensam como eu, mas pensam. "Coitada..." "Tá atrasada..." "Vai desistir de novo?" "Que estranha, tão calada..." Eu sei que tem pessoas a quem posso recorrer, mas o pânico e a ansiedade não deixam eu me mexer. Não consigo fazer nada por mim mesma.

Elói

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               Ilustração por Maria Eloise Elói Cunha nasceu em 1994, em Belém do Pará, Brasil. Mas não sabe quem é. Não sabe de onde veio o sangue que corre em suas veias, quem foram os povos que lhe deram a cor de pele e a forma dos cabelos. Sabe que seu avô paterno era negro retinto, mas ele não viveu o suficiente para lhe contar histórias da família. A avó tinha a pele clara, mas como Elói nunca se sentiu confortável na casa cheia de parentes que tinha que conhecer, beijar e abraçar, também nunca se interessou em perguntar sobre de onde veio a avó. E era muito criança para entender que isso teria importância um dia. Todos os tios, tias e boa parte dos primos e primas têm o nariz grande. É o traço da família. Todos têm cabelos lisos ou ondulados, escuros, e peles que variam da mais escura à mais clara. Elói se enxerga laranja desde a infância. A família materna é do interior, tem terras que nunca proporcionaram luxo maior que um dia de banho no igarapé. Se divertia com amiguinho

Eu odeio poesia

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Ilustração por Maria Eloise Eu odeio poesia. Não vivo sem arte, Mas odeio poesia. Odeio como me dizem que devo ler. Odeio como ela me lê sem que eu dê permissão. Por que acha que sabe tanto sobre mim? E por que parece que sabe tanto? Eu odeio poesia. Poderia apagá-la da minha vida, Da minha arte, Do meu respirar, Do meu olhar... Queria destruí-la. Assim, ela não me causaria desconfortos, Nem mágoas, Nem constrangimentos, Nem arrepios na pele. Eu odeio tanto a poesia que queria que ela fosse eliminada da arte. Porque não vivo sem arte  E odeio poesia. Disseram que a poesia não é um poema, Como este que escrevo. Poesia é uma sensação, Uma ânsia, Um calafrio. Um constrangimento quando nos sentimos especiais, Pois aquilo, aquela poesia (Que pode estar num quadro, numa palavra, numa dança) Conseguiu nos afetar, nos ler. E pensamos: “isso foi para mim?” E nos sentimos especiais. Eu odeio poesia. Ela mente para mim, Me faz achar que o mundo, as pes

A graça da mulher que se ama

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Foto: Maria Eloise Albuquerque Ave Marie, tão cheia de loucura  A Deusa é contigo se quiseres  Bendito é o prazer das mulheres  Tal como os lábios brandos de doçura.  Doce mel colhido em noite escura  Pelo toque mais gentil dentr’os seres  Tu escondes do mundo sem saberes  Que aí a alta graça se figura     Foi Vida que te deu. Não tem vergonha  Do presente dado e o desfruta:  Ama do teu corpo a formosura;     Ouve tua voz e com ela sonha;  Goze da graça de origem bruta  E descanse, musa amada e pura.

Novos planos!

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Sim, estou bem viva, obrigada. Sei que dei uma sumida daqui e que provavelmente não estou falando com ninguém, mas o blog continua sendo algo que comecei e que, portanto, é importante para mim e eu gostaria de continuar com ele. Mesmo sendo uma mídia já um pouco arcaica. Enfim, vim dizer que não só gostaria de voltar com os contos e crônicas por aqui, mas também começar a escrever resenhas/reflexões sobre algumas leituras que faço, além de pensamentos aleatórios que iriam para a seção de "Devaneios". Sobre as resenhas, não esperem algo muito técnico, pois não sou muito boa com leituras mais críticas. Sou mais emocional, então o que escreverei serão minhas impressões e os sentimentos e reflexões que a obra me proporcionou.  Pretendo publicar a primeira "resenha" no próximo domingo. Aliás, vou tentar publicar pelo menos dois domingos por mês. Espero não estar muito além do que consigo... A quem por acaso leu esta postagem, meus sinceros agradeciment

Sinto falta do sexo

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(Imagem: http://media.tumblr.com/tumblr_lqghqaZKM31qmuodf.jpg)  Sinto falta do sexo  que fazia com folhas em branco. Do carinho que a tinta derramava em cada canto de mim. Da sensação dos meus dedos no comprimento da caneta. De gozar apenas com a visão das formas sensuais das palavras. As que eu disse e as que disseram para mim. Com as letras L-A-B-I-O-S roçando a pele da alma, E as letras L-I-N-G-U-A me fazendo umedecer os lábios. Os que comem e os que devoram. Marie Albuquerque

Versos sobre minha prosa

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  Gosto de cantar verso Gosto de contar prosa Gosto de causar angústia Ou uma alegria gostosa Mas uma dúvida incômoda Invadiu meu coração Tem a ver com a prosa crua Que concebo de lápis a mão Sei que sou poeta A cada palavra que verso Mas será que há poesia Quando descrevo um meu universo? Será que houve poesia Cada vez que pari minhas histórias? Ou as narrações foram um amontoado De palavras aleatórias? Há poesia na minha prosa? Mas que tema foi esta glosa!